sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Urda Alice Kluger Nosso irmão, o bugre,O índio Xokleng-Lindolf Bell-Tamyris Amaral-DIFICULDADES E BELEZA ENTRE OS XOKLENG



Indio Xokleng.O crédito da bela foto é de Marília França

Fonte:Tamyris Amaral / Tenõde Porá UcB News

http://tenodepora.spaces.live.com

Captada no http://webradiobrasilindigena.wordpress.com/2007/11/28/dificuldades-e-beleza-entre-os-xokleng/

(Navegue até lá)



Urda Alice Kluger
mostrar detalhes 10:12 (37 minutos atrás) Responder




Nosso irmão, o bugre
Santa Catarina, via de regra, é um Estado todo bonitinho, cheio de cidades arrumadinhas e bem cuidadas, não importa muito a etnia que as formou no princípio. Aqui pelo meu Vale do Itajaí o pessoal gosta mesmo de caprichar: jardins bem cuidados rodeando casas quase sempre caprichosamente pintadas, centenas de donas de casa a usar uma preciosíssima água que deve se acabar em duas décadas para lavar e lavar calçadas que poderiam ser apenas varridas – uma beleza, todo o mundo cuidando da estética e da manutenção de uma terra que foi roubada dos... índios! É bem isso aí, gente, toda esta terra do Vale do Itajaí, bem como toda esta terra do continente americano já tinha dono antes que europeus e africanos aqui chegassem (há que se perdoar os africanos, que para cá foram trazidos à força.). E tem gente demais, por aí, dizendo e sentindo barbaridades a respeito do nosso espoliado índio, mais conhecido pelo termo bugre, que tem conotação bem pejorativa.
Eu tenho um amigo índio chamado Edvino. Ele é Xokleng, mas têm os olhos azuis, coisa lá de uns antepassados alemães que ele teve, mas dos quais não faz conta. Decerto são daqueles alemães que furunfaram lá com as antepassadas do Edvino e depois foram para casa cheios de si, a defender idéias de raça pura, essas bobagens assim. O fato é que Edvino é um Xokleng de olhos azuis. Num sábado aí para trás tirei um tempinho para andar pela cidade, e sentei-me numa pracinha onde Edvino justamente estava a vender bonito artesanato. Daí a pouco se senta ao meu lado uma típica dona de casa blumenauense, daquelas que gastam nossa preciosa água com as calçadas, e entabulamos alguma conversa. Disse para ela:
- Vês aquele rapaz ali, de olhos azuis? Ele é um índio!
Se uma dúzia de cobras venenosas tivesse aparecido naquele momento na praça e avançado na mulher ela não teria dado maior pulo. Ficou apavorada, o coração espremido de medo, a dizer-me:
- Aquele? Meu Deus, um selvagem! – e jogou-se embora quase correndo, tamanho seu medo.
Daí eu pergunto: quem é, ou quem foi o selvagem? O índio, antigo dono das nossas terras, era (e é) tão Homo sapiens sapiens quanto qualquer um de nós que lê jornal, e o que nós fizemos com ele? Aconselho que vocês leiam um livro chamado “Índios e brancos no Sul do Brasil”, de autoria de um nosso grande antropólogo, internacionalmente respeitado, Sílvio Coelho dos Santos. Sílvio passou toda a sua vida ligado ao povo Xokleng e conhece como ninguém a sua história. Vou transcrever aqui um pedacinho do livro – é um pedacinho de uma entrevista que o Sílvio fez lá pela década de 60 com um importante fazendeiro catarinense, e está à página 87 do livro. Depois de contar muitas atrocidades sobre como se efetuava o genocídio desse povo a quem roubamos as terras, ele conta o pedacinho seguinte:
“...conheci um indivíduo chamado Júlio Ramos, que participava dessas tropas. Contou-me que uma vez, durante um ataque, uma meninota de mais ou menos 14 anos tentava fugir do acampamento. Ele a alcançou, agarrando-a pelos cabelos, e desceu-lhe o facão. Este penetrou pelos ombros descendo até o estômago, cortando que nem bananeira(...)”
Duvido que você consiga almoçar bem hoje, se se lembrar de tal fato na hora da comida. E este é apenas um minúsculo pedacinho da História verdadeira. E dificilmente alguém de nós não descende de invasores que fizeram ou mandaram fazer coisa parecida. E ainda está cheio de gente levando susto quando vê índio, pensando na velha fórmula do “selvagem”. Quem é o selvagem? Eles ou nós?

Blumenau, 25 de Junho de 2003.


Urda Alice Klueger

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E repito aqui o belo peoma de Lindolf Bell, já publicado neste blog.

O poeta catarinense, natural de Timbó, onde hoje existe, na casa onde morou, o Centro de Memória Lindolf Bell, poeta que homenageei (*) dia 14/10, no Terças poéticas do Palácio das Artes, sob a curadoria de Wilmar Silva,faz completa um decênio de sua partida para outra POIESIS transcendental.Amante da natureza, das pessoas , Bell foi o líder da catequese Poética.



Abaixo, repetição da pg publicada em 04 novembro 2007

POEMA PARA O ÍNDIO XOKLENG(Lindolf Bell)

POEMA PARA O ÍNDIO XOKLENG




Lindolf Bell
Se um índio xokleng
subjaz
no teu crime branco
limpo depois de lavar as mãos

Se a terra
de um índio xokleng
alimenta teu gado
que alimenta teu grito
de obediência ou morte

Se um índio xokleng
dorme sob a terra
que arrancaste debaixo de seus pés,
sob a mira de tua espingarda
dentro de teus belos olhos azuis

Se um índio xokleng
emudeceu entre castanhas, bagas e conchas
de seus colares de festa
graças a tua força, armadilha, raça:
cala tua boca de vaidades
e lembra-te de tua raiva, ambição, crueldade

Veste a carapuça
e ensina teu filho
mais que a verdade camuflada
nos livros de história

(enviado pela pesquisadora urda Kuegler, de Sc.Em memória do grande poeta catarinense, existe em Timbó, sua cidade natal, o centro de memória Lindolf Bell,onde viveu e onde estão devidamente preservados móveis,objetos,livros, manuscritos ,etc.A curadora é sua filha Rafaela Hering Bell, filha da artista plástica ,a escutora Elke Hering Bell.Rafaela , que cresceu em meio à poesia paterna e à arte materna,galeria de arte de seu pai, é diretora do MAB(Museu de Arte de Blumenau).A galeria do poeta ,que foi conhecido marchand chamou-se Açu-Açu.

AÇU - quer dizer "grande", "comprido".Açu-açu:muito grande.Os indígenas repetem a palavra, para dar a noção de muito, de grande, de muitos.Assim, pana-paná,muitas borboletas.Ati-ati:muitas gaivotas.
http://itaquatiara.blogspot.com/2007/11/poema-para-o-ndio-xoklenglindolf-bell.html
Fonte:

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"E sobre os xoklengs (reserva do Norte do Paraná):


DIFICULDADES E BELEZA ENTRE OS XOKLENG


"Publicado 28 Novembro 2007, 331 Agricultura Familiar , Comunidades Indígenas , Criança e Adolescencia , Cultura , Desenvolvimento Sustentável , Desnutrição Infantil Indígena , Direito , Direitos Humanos , Direitos dos Povos Indígenas , Economia , Educação , Etnoambiental , FUNAI , FUNASA , Governo , Inclusão Social , Indígena , Integração Nacional , Internet , Intolerãncia , Jornal , Justiça , Juventude , Literatura , Movimento Indígena , Movimentos Sociais , Mulher Indígena , Mídia , ONU , Ongs , Organizações , Politica , Politica Indigenista , Sociedade Civil , TICs , TV , TV.Jornal



Indígena Xokleng

Os Xokleng estão situados na Reserva Duque de Caxias, ao norte do estado do Paraná, e lutam desde a década de 70 com a construção da barragem de contenção do rio Hercílio. Enfrentam dificuldades com a área de saúde e transporte. Entretanto, mantém a cultura viva, principalmente a manutenção da língua Jê.
A aldeia Xopleng até hoje reclama pelas terras inundadas com a construção da barragem, construída para conter as cheias periódicas nas cidades situadas no Vale do Itajaí pelas águas do rio Hercílio. Segundo Ismael Naplã Nunconã, um dos membros da etnia que participa dos Jogos Indígenas, “a barragem enchia, e estragava a plantação e matava os bois dos índios”.
Enquanto o Vale do Itajaí está seguro, as terras mais férteis da reserva ficam alagadas com freqüência e impedem o contato da aldeia com a cidade. Os indígenas precisam dar uma volta de 20 a 30 km de distância.
Outra reclamação apontada por Ismael é com relação à falta de médicos. “Falta médico, quando dá vontade vai. Aí, quando vai, fica uma ou duas horas só”, reclamou.
Falta transporte que interligue a aldeia com a cidade. Alguns jovens Xokleng trabalham na colheita de tabaco e na zona urbana, como Ismael que é carpinteiro junto com outros três colegas de aldeia.
Entre tantos desencontros a aldeia se reafirma com a língua Jê, ensinada até para membros que se afastaram e agora retornam às suas raízes. A educação entre eles também exerce um papel importante.
VOCABULÁRIO E RECEITA
Enquanto conversamos sobre os hábitos alimentares coletei alguns exemplos de carnes preferidas do Ismael e sua versão em Jê. São elas: Porco do mato, tadeti; veado, kabe; e tatu, zazan."


Fonte:http://webradiobrasilindigena.wordpress.com/2007/11/28/dificuldades-e-beleza-entre-os-xokleng/

Fonte:Tamyris Amaral

Divulgação:
Clevane Pessoa de araújo
Belo Horizonte, MG

Diretora Regional do inBRasCi em BH/MG

Embaixadora Universal da paz , pelo cercle de Les Ambassadeurs de la Paix, Genebra, Suiça.